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Crónica da minha primeira leitura de A Caminho do Triunfo

  • manuelbarao4
  • 3 de mar. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 3 de mar. de 2021

Para ressuscitar o blog do clã, decidi partilhar a minha experiência com a leitura de A caminho do Triunfo, numa inevitável ode ao seu autor (que ainda na semana passada celebrou o seu aniversário) e estruturado exatamente à sua maneira.




Experiência e Impacto Pessoal

Comecei a ler esta obra no sábado, dia 13 de fevereiro e demorei precisamente 5 dias até a acabar. Foi, para já, uma experiência refrescante, visto que não lia algo que não fosse matemáticas ou físicas há bastante tempo e além disso este livro tem algo de bucólico e campestre que nos faz respirar outra brisa que não o cheiro a mofo saturado do nosso quarto.

Não era bem o que esperava, digo já. Sempre achei que era uma versão adulta de Escutismo para rapazes e no entanto, não é isso que Baden Powell aqui trata. Neste livro são reunidas centenas de conselhos dirigidos aos “mancebos” para que prosperem na vida, isto é, que sejam felizes e, apenas no capítulo final, se faz uma abordagem mais relativa ao escutismo e ao funcionamento da secção.

Pessoalmente, sinto-me mais orientado e com imensa vontade de o ler novamente.


Porque o deves ler (na integra)

Sei perfeitamente que existem caminheiros e caminheiras com dificuldades a ler. Eu próprio não sou o leitor ávido que outrora fui, mas confiem em mim: este livro não é difícil de ler.

Em primeiro, a sua estrutura: Baden Powell divide o livro em capítulos, cada um representa um escolho, e explica como este deve ser ultrapassado pelo caminheiro. Estas explicações não são jorradas todas num único texto uniforme e fatigante desde o início até ao fim do capítulo, como nos livros convencionais. Ao invés, BP decide dividir as experiências em pequenos textos com um título e, por vezes, com ilustrações ou esquemas, que tornam a mancha gráfica mais agradável aos olhos e mantêm o leitor preso. Tentei, neste “artigo”, reproduzir o estilo dele, logo se conseguires chegar ao final lês A Caminho do Triunfo com facilidade.

Em segundo, cada conselho e tema é valioso para todos e, geralmente, vem acompanhado de uma história vivida por Baden-Powell numa excursão a um monte, na caça, na guerra ou por outros como o general Nogui e pelo nosso já conhecido Rudyard Kipling.

O próprio diz: ” A leitura torna o homem completo, a conversa torna-o pronto e a escrita torna-o preciso”.


Irreligião

Confesso que gostei de vários capítulos, o meu preferido talvez tenha sido Cucos e impostores, mas é A Irreligião que leva o “Prémio Revelação”.

Nunca tinha visto Baden-Powell abordar a fé e a religião e, como qualquer jovem, já questionei a minha crença bem como a existência de Deus. Até por ter o pensamento um pouco formatado pela objetividade da ciência tenho dificuldades em encontrar evidências e provas para a fé, como se Deus fosse alguma função exponencial .

Mas diz BP que a existência de Deus tem provas visíveis e ao alcance de todos, especialmente na Natureza. Aqui recorre a vários passeios e caminhadas que fez e com as quais fortaleceu as razões da sua fé: Cataratas do Niágara, Cristo Redentor, a beleza de um por do sol, a complexidade de alguns órgãos humanos, o amor, a alma e os animais.

Não acho que seja coincidência o escutismo e a natureza terem uma relação de simbiose e este capítulo explica o porquê.

No seio da natureza vemos coisas que a Inteligência Artificial e a Realidade Aumentada nunca vão ser capazes de reproduzir de igual forma ou produzindo sensações iguais: o nascer do sol, a geada de manhã, as montanhas, uma flor, uma laranja que colhemos diretamente da árvore, os seixos que ressaltam 4 vezes (recorde pessoal) num rio e até um campo de pasto que cheira mal.

São os detalhes pequenos da paisagem que nos escapam e que nos impedem de perceber que há aqui uma ação divina óbvia. A minha sorte é que estou ainda no início deste belo percurso - o Caminheirismo - e, de agora em diante vou com os olhos bem abertos.


Moderno e profético

Não há dúvida de que o que mais se comenta sobre este livro é a sua atemporalidade.

Parece que o tempo não corre por ele e, recordo que foi escrito em 1930, há quase 100 anos.

Além disso, ficamos com a impressão de que profetiza alguns acontecimentos que se vieram a dar mais tarde, após a sua morte. Por exemplo, disse a certa altura, no capítulo da Irreligião, que se a Humanidade se atrevesse a estudar os átomos e outras partículas (como o eletrão) a fundo, iria progredir bastante e ia admirar ainda mais a obra do Criador. Ora, 82 anos depois é descoberta a menor partícula de todas, o Bosão de Higgs, ou como é vulgarmente conhecida, a partícula de Deus.

Tem piada pensar: o que nos diria Baden-Powell se fosse vivo? Olhem, por exemplo, o que diria da pandemia e da maneira como estamos a geri-la? O que diria das alterações climáticas? E da saída do seu país da UE? O que diria também dos 40 milhões de escuteiros que agora existem em todo o mundo?


Uma citação

“Impele a tua própria canoa e não contes que os outros te remem o barco. Partindo do ribeiro da infância, seguindo pelo ribeiro da adolescência, empreendes uma viagem de aventura através do oceano da idade adulta em direção ao porto do destino.”

Esta frase, bem como o livro todo, fez-me perceber que cantei uma música durante 11 anos sem perceber a sua origem e inspiração.


Mensagem final

Aos fiéis que restaram espero que tenham gostado e, sobretudo, que vos tenha descontraído ler isto.

Se alguém quiser comentar este texto (ainda que seja a dizer que não percebo nada disto) ou o livro, sinta-se à vontade para o fazer.



Uma Forte Canhota,

Morcego Risonho


 
 
 

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